
O menor tempo do Desafio Intermodal (D.I.) 2016 em São Paulo foi novamente da bicicleta por vias rápidas. O ciclista Marcelo Florentino Soares fez o percurso de aproximadamente 10km entre a Praça General Gentil Falcão no Brooklin e a Prefeitura Municipal, no Anhangabaú em apenas 18 minutos. Esta é a 8ª vez, dos 11 desafios realizados até hoje, que a bicicleta por vias rápidas faz o menor tempo. Vale destacar que o D.I. não é uma corrida, mas um comparativo de eficiência de deslocamento na cidade.
O destaque desta edição, no entanto, não foi apenas a eficiência da bicicleta, mas a constatação que dos 9 modais com tempo inferior a uma hora, 7 foram modais ativos – entre os motorizados, apenas a motocicleta conduzida por Victor Campos e a combinação trem e metrô, utilizada por José Gonçalves, conseguiram tempo inferior a 1 hora de deslocamento. A motocicleta ocupou a 3ª colocação (0h30min), atrás da bicicleta por vias rápidas conduzida por um homem (Marcelo Soares -18 min) e o mesmo modal conduzido por uma mulher (Roberta Godinho - 0h25min).
Após a motocicleta chegaram Luciano Santos, de skate (0h45min); Paulo Machado, de patins (0h46min); Silvia Cruz, na corrida (0h48min); Daniel Hasse, de bicicleta por ciclovias (estrutura que já abrange quase a totalidade do percurso), em 0h53min; José Gonçalves na intermodalidade trem e metrô (0h55min) e a bicicleta conduzida por Vera Penteado, representante da melhor idade (0h59min).
Os demais modais, incluindo táxi (Kaciane Martins), ônibus (Samir Souza), caminhada (Carlos Aranha), Uber (Silvia Ballan), ente outros, concluíram a prova em 1hora ou mais. Outro ponto que chamou atenção nesta edição do D.I. foi o tempo de deslocamento do automóvel particular, conduzido por José Brunetti, que com 1h49min foi o último a chegar. Luis Eduardo, deficiente visual que utilizou o ônibus com o auxílio do aplicativo CittaMobi, chegou em 1h15min. Também participaram Henrique Boney (bicicleta dobrável + ônibus); Paulo Alves (bicicleta por vias calmas) e Bruno Nogueira (bicicleta + metrô).
A experiência comprova a eficiência dos modais ativos em uma metrópole, mesmo com pouco investimento em infraestrutura e a falta de respeito por parte de motoristas com quem opta por este tipo de deslocamento. O coordenador de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo, Carlos Aranha, fez o deslocamento a pé e lamentou o descaso histórico do poder público para quem caminha. “A mobilidade a pé é a forma mais negligenciada na cidade de São Paulo, apesar de ser a mais praticada e óbvia”, afirmou Aranha.
Para Silvia Cruz, cofundadora da ONG Corrida Amiga, que fez o percurso correndo, a cidade ainda é muito hostil para quem se desloca ativamente, mas esta ainda é a melhor maneira de experimentá-la. “Vale muito a pena sair da bolha do carro, vivenciar a cidade e seus problemas, demandar melhorias para os tomadores de decisão”, afirmou. O presidente do Instituto CicloBR, Hamilton Takeda, comemorou o resultado do Desafio Intermodal e defendeu o transporte ativo na cidade. “Ele diminui o número de carros nas ruas, diminui a emissão de poluentes e é capaz de mostrar as pessoas um outro jeito de chegar no seu destino”, lembrou Takeda.
Além do fator tempo, foram consideradas questões como o custo de cada modal e a emissão de poluentes, o que revela uma distância ainda maior de eficiência entre a bicicleta e o carro.

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MODAL
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TPO. APROX.
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1
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Bicicleta por vias rápidas masculino
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0h18 min
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2
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Bicicleta por vias rápidas feminino
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0h25 min
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3
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Motocicleta
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0h30 min
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4
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Skate
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0h45 min
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5
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Patins
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0h46 min
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6
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A pé - correndo
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0h48 min
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7
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Bicicleta por ciclovia
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0h53 min
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8
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Trem + metrô
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0h55 min
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9
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Bicicleta - melhor idade
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0h59 min
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10
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Taxi
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1h00 min
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11
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Bicicleta dobrável + ônibus
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1h01 min
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12
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Ônibus
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1h05 min
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13
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Bicicleta por vias calmas
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1h08 min
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14
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Bicicleta + metrô
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1h13 min
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15
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Ônibus Deficiente Visual
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1h15 min
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16
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A pé - caminhando
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1h16 min
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17
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Uber
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1h28 min
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18
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Carro
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1h49 min
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